Quando eu morava em Rio Branco
sempre tinha dois guarda-chuvas. Um ficava dentro do carro e outro ficava
direto dentro da minha bolsa, assim em qualquer ocasião que chovesse eu estaria
preparada.
E quando arrumei minhas coisas
para vir morar no Peru, esqueci meu guarda-chuva. Quando eu estava no caminho
lembrei e já pensei comigo, quando chegar lá vou ter que comprar.
Pois bem… Já estou com mais de um
ano morando aqui e NUNCA precisei de um guarda-chuva.
Nunca vi uma chuva forte por
aqui. Para quem estava acostumada com os aguaceiros do Brasil, ver um sereninho
fino que acontece uma vez na vida outra na morte, definitivamente não é chuva!
Esse ano por conta do fenômeno
“El niño” deu um sereninho mais forte, eu até me assustei, mas pelo que lembro
foi só uma vez. E já faz tanto tempo a última vez que respingou por aqui, que
nem lembro mais.
Ah, acho que foi na semana
passada. Abri a janela e vi umas gotinhas no asfalto, já chamei o Natan e
disse: -tá "chovendo"!
Em dois minutos tinha passado e o asfalto estava seco como se nunca tivesse caído uma gota.
Em dois minutos tinha passado e o asfalto estava seco como se nunca tivesse caído uma gota.
Apesar de ser um país tropical, não
chove na costa do Peru. Em resumo, porque a atmosfera é muito estável devido a
frieza das águas do mar. Para que chova forte é necessário
uma atmosfera instável, ou seja, que uma parte do ar a nível de superfície
tenha esquentado bastante a ponto de começar a subir, subir até uns 10 ou 15 km
de altura. E depois disso se expande e se esfria, esse esfriamento produz entre outras coisas a formação daquelas nuvens mais escuras que muitas vezes
são formadas por grandes gotas de água e granizo e que estão associadas a
tempestades fortes com raios e trovões. E claro, a chuva que cai sobre a superfície. No caso dessa parte do Peru, não existem as condições favoráveis
para o surgimento desse tipo de nuvens.
E desde que eu cheguei aqui, fico pensando… Se der uma chuva forte, adeus mundo cruel! Ninguém é preparado
para chuva. Em alguns lugares mais pobres, a cobertura das casas tem buracos e
ninguém se preocupa. As casas na grande maioria das vezes tem as telhas soltas
ou tem um tijolo em cima para segurar. E nas ruas, não tem por onde a água escoar,
não existem bueiros.
Algumas vezes passa um caminhão
para molhar as ruas e diminuir um pouco a poeira, eles não jogam muita água,
mas já chegou a “alagar” a rua.
Ah, mas tem um detalhe, já choveu
forte, chuva de verdade. Já ouvi muitas pessoas me contarem sobre uma chuva que
aconteceu em 1970. Me disseram que parecia um dilúvio, que inundou as ruas, deu
colapso nas linhas telefônicas, teve apagão e destruiu muitas e muitas casas.
Muitos nunca tinham visto uma chuva forte, acredito que pensaram que o mundo ia
se acabar em água outra vez.
Tem um lugar aqui que se chama
“Chosica”, nesse lugar muitas pessoas moram nos morros e quando dá uma chuvinha
mais forte, desbarranca tudo e é uma coisa terrível o que as famílias passam. A impressão que eu tenho é que as montanhas tem muitas pedras soltas, não são aquelas rochas firmes. E acho que isso piora a situação.
E como sempre temos que ver o lado bom das coisas, é bom o fato de não chover. Eu não preciso me preocupar ao sair de casa e deixar a roupa no varal. Não tenho mais que correr desesperada pra salvar a roupa porque vai começar a chover. Já tive algumas experiências dessas no Brasil, parecia uma louca correndo para não ter que lavar a roupa novamente. hahaha
Bem, depois de tudo isso vocês podem ficar pensando que o clima aqui é horrível, que é seco e tudo mais. Para falar a verdade eu só sinto falta da chuva porque sinto falta de "verde". A umidade da neblina, os chuviscos não são suficientes para fazer a vegetação das montanhas ficarem bonitas o ano todo. Fora isso, acho que não tenho do que reclamar.
Aí vai uma foto do centro de Lima, para vocês conhecerem...
Beijinhos e até mais...
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